Os primeiros holerites com descontos chegaram em maio; em assembleia nesta sexta, os docentes decidiram
manter a greve
SÃO PAULO A Justiça derrubou nesta sextafeira, 8, a liminar que impedia o governo estadual de cortar o ponto dos professores, em
greve há 55 dias. A categoria, que decidiu no mesmo dia manter a paralisação, havia conseguido sentença que barrava a medida, mas o
governo recorreu. Os primeiros holerites com desconto chegaram em maio.
O responsável pela nova decisão, desembargador José Maria Câmara Júnior, da 9.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de
São Paulo, sustentou que “a greve autoriza o corte de ponto dos servidores”. Segundo ele, nesse caso não há “direito à remuneração por
trabalho não desempenhado”.
PROFESSORES FECHAM A MARGINAL |
Os professores da rede estadual de São Paulo bloquearam na noite desta sextafeira a Marginal
do Pinheiros
O magistrado ainda argumentou que a orientação do próprio tribunal era pelo desconto dos dias parados. A reportagem não conseguiu
contato com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), que lidera a greve, para comentar a
mudança.
Horas antes da decisão judicial, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) havia minimizado novamente o movimento. “Ontem (quinta),
tivemos 1,3% de faltas pela manhã e 2,6% à tarde. A ausência de professores está menor do que fora da greve. Em média, o número de
faltas varia de 2,5% a 3%. Isso fala por si só.” A Apeoesp estima adesão superior a 50%.
O sindicato pede 75,33% de reajuste. Alckmin diz que a categoria tem o maior piso do País: cerca de R$ 2,4 mil para jornada de 40 horas
semanais. A Apeoesp levou a negociação à Justiça, mas não houve conciliação na audiência de anteontem. Agora, o caso pode ser
julgado. A entidade tem reunião marcada com a pasta na quartafeira.
Passeata. Cerca de mil professores da rede estadual, segundo a Polícia Militar, aprovaram a continuidade da greve nesta sexta, após
assembleia na Avenida Paulista, região central. Eles também marcharam pela Avenida Rebouças e pela Marginal do Pinheiros, na zona
oeste. Os manifestantes estimaram a participação de 50 mil pessoas.
Por volta das 17 horas, eles bloquearam totalmente a Paulista, no sentido Consolação. Depois, seguiram pela Avenida Rebouças até a
Marginal do Pinheiros, que tinha tráfego intenso de veículos. Os grevistas ocuparam a Marginal na altura da Ponte Eusébio Matoso, no
sentido da zona norte, às 19 horas.
A maior parte do grupo se dispersou por volta das 21 horas, mas um pequeno número de professores ainda seguiu para o Largo da
Batata, em Pinheiros, também na zona oeste.
A PM registrou o ato em vídeo e a Tropa de Choque acompanhou os grevistas. Na Rebouças, policiais se posicionaram na frente das
concessionárias para evitar aproximação dos manifestantes. Não houve tumultos até 21 horas, segundo a polícia. Uma nova assembleia
está marcada para a próxima sextafeira, na Avenida Paulista. / LUIZ FERNANDO TOLEDO, PAULO SALDAÑA E VICTOR
VIEIRA.
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